quarta-feira, 2 de março de 2011

Mas que dá vontade dá!

Com toda certeza você já acordou com um puta  mau-humor que nem você aguentou, pois é, é a vida... É aquela cena bem clássica:
- Bom Dia!
- Bom dia o caralho ... o que tem de bom?!!!
E o pior nem é isso, e sim quando você tem aquela vontade de dar o fim em alguém,exterminá-la de vez da sua vida e adivinha? Não pode. Mas por que não podemos? Dó, do que irá acontecer com a pessoa? Mas é claro que não..queremos mais é que essa pessoa se dane!
Somos apreendidos por nossos instintos. Talvez isso que nos diferencia dos demais animais... Muitas vezes pensamos que o diferencial é que, somos racionais e o cachorro, por exemplo , não. Mas acredite até seu cachorrinho é racional, só que diferente do ser humano,não controla seus instintos.
Mas infelizmente para nós isso é possível. Temos que nos controlar pois pensamos nas conseqüências...Mesmo achando que acabar com a pessoa resolveria todos os nossos problemas, mas isso acarretaria um belo castigo para nós.
Imagina o quão bom seria, acordar e abrir aquela listinha de nomes indesejados:

  •  Fulano (já foi)
  • Mariazinha ( já foi) 
  • Ágatha ( próxima) 
  • Joãzinho (já foi)
E com certeza você também está/estará na lista de alguém. Então pensando em nosso bem, melhor não exterminar ninguém, se não alguém extermina a gente.
Talvez sim, talvez não, mas quem sabe devemos seguir a política de Maquiavel, de amar a si próprio e se sobrar espaço amar os demais!A realidade é essa. Pensa, a Mega-Sena ta acomulada em R$ 1000000000,99 e você com toda certeza, toda certeza mesmo, prefere ganhar o prêmio do que seu vizinho, mesmo achando ele o Fodão. É um egoísmo que já nasce conosco. Se alguém age assim você vai achar o Ó, mas aposto que você também pensa assim. É aquela história, tudo o que o Fulano faz faz é errado e o que fazemos é o certo, mas isso são nossas verdades e a verdade do Fulano pode ser outra contrária à sua ...Já dizia Maquiavel, é da natureza do homem ser um biltre... não necessariamente nessas palavras mas ...Então não se sinta culpado por querer matar uns por dia, está no sangue!!! E para você não pegar uns aninhos na cadeia, se controle, se preciso for, finja, minta... Acredite é para sua sobrevivência.
Muitas vezes devemos agir contra nossas vontades, devemos aceitar de cabeça baixa o que a sociedade nos impõe... Mas não tudo o que nos impõe, Dizem que o  mundo é dos espertos,como em uma selva, que sobrevive o animal mais forte, nas ruas sobrevivem os mais espertos, temos que ter malícia  na vida, mas de um jeito honesto...


 "Pelo que se nota que os homens ou são aliciados ou aniquilados"






-Thata Barros

Li e gostei!!!

Dentre vários textos que li no mês de fevereiro na faculdade, esse foi o que mais me prendeu a atenção, talvez pelo fundo de ironia, o jogos de palavras ou números usados e principalmente pela mensagem que nos passa.
Uma crônica de Carlos Drummond Andrade, chamada Recado ao senhor 903.

Recado ao senhor 903!

Vizinho –
 Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou 
desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45,  explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15  deve deixar o l783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio.
 ... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou”. E o outro respondesse: “Entra, vizinho e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela”.
 E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.

 -Carlos Drummond Andrade